G1
Rede social enviou texto dizendo que o Brasil está 'prestes a aprovar uma lei que irá acabar com a liberdade de expressão'. Relator chamou estratégia de 'jogo sujo' e disse que internet não pode ser terra sem lei. A rede social tem até dez dias para apresentar informações ao órgão. O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo questiona o Telegram a respeito de mensagens que foram enviadas a usuários do aplicativo contra o projeto de lei das Fake News. A rede social tem até dez dias para apresentar informações detalhadas sobre a mensagem.Em ofício desta terça-feira (9), o procurador da República de São Paulo Yuri Corrêa da Luz expede uma ordem para que o Telegram diga exatamente quem, na empresa, tomou a decisão de mandar a mensagem com nome e endereço eletrônico, para uma eventual oitiva pelo MPF, que aponta que a mensagem foi impulsionada aos usuários.O Telegram enviou para os seus usuários um texto no qual diz que "o Brasil está prestes a aprovar uma lei que irá acabar com a liberdade de expressão".O procurador quer saber:Qual o dispositivo concreto, dos Termos de Uso e da autorregulação da plataforma, autorizaria o impulsionamento a seus usuários, por meio do canal "Telegram Notifications", de conteúdos não relacionados a atualizações técnicas e comunicações sobre recursos do aplicativo;Os motivos para que a referida mensagem tenha sido encaminhada, aparentemente, a todos os usuários da plataforma, e não apenas àqueles que estão inscritos no canal "Telegram Notifications";Se o canal permite, ou não, alguma "medida de contraditório" em face do posicionamento apresentado pelo Telegram, ou se a mensagem foi enviada de forma unilateral e sem possibilidade de qualquer questionamento por parte de quem dela discorde;Se Telegram disponibiliza referido canal para que outros usuários façam comunicações, ou se ele é, ao revés, um meio exclusivo, que impulsiona, apenas e tão somente, conteúdos de interesse da plataforma;Os nomes e os endereços eletrônicos dos responsáveis, dentro da empresa, que elaboraram a mensagem e decidiram por seu impulsionamento, para identificação do MPF.Governo reage a ataque do Telegram ao PL das Fake NewsMinistro comenta envio de mensagensRelator do PL das Fake News diz que Telegram espalha mentiras sobre projeto: 'Escandaloso'O ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, chamou de "absurdo" a mensagem que o aplicativo Telegram enviou aos seus usuários atacando o projeto de combate às fake news. O relator do projeto, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), classificou a estratégia da rede social de "jogo sujo". O projeto de combate às fake news tramita na Câmara dos Deputados. Na semana passada, chegou a ser incluído na pauta, mas não foi votado, diante da falta de consenso. Também na semana passada, o Google divulgou em seu site um texto contrário ao projeto. Na ocasião, o governo mandou o Google marcar o artigo como publicidade. Parlamentares afirmaram que sofreram pressão das redes sociais contra o projeto. Ao comentar a postura do Telegram, Pimenta disse que "a vontade das grandes plataformas de redes sociais não é maior que a soberania do Brasil". "Inacreditável! Telegram desrespeita as leis brasileiras e utiliza sua plataforma para fazer publicidade contra o PL2630. As medidas legais serão tomadas. Empresa estrangeria nenhuma é maior que a soberania do nosso país", afirmou o ministro.O relator ressaltou que a internet não pode ser uma terra sem lei. "O jogo sujo das big techs continua. Recebo denúncias de que o Telegram está disparando FAKE NEWS contra o PL 2630 para milhões de usuários. Essa campanha de mentiras não vai prosperar. A Internet não é terra sem lei, e a regulação é uma necessidade", disse o deputado. A Meta, que administra o Facebook e o Telegram, enviou comunicado, dizendo que tomou conhecimento da mensagem do Telegram que a cita que nega as alegações. "A Meta refuta o uso de seu nome pelo Telegram na referida mensagem, e nega as alegações no texto".Senacon vai notificar Telegram por mensagem contra PL das Fake NewsLeia também:Governo manda Google sinalizar como 'publicidade' material feito pela empresa contra PL das Fake NewsApós pedido do relator, Lira adia votação do PL das Fake News na CâmaraO que diz a propostaO texto torna crime a promoção ou financiamento de divulgação em massa de mensagens com conteúdo inverídico por meio de conta automatizada, as chamadas contas-robôs.Além disso, estabelece que:provedores tenham representação por pessoa jurídica no Brasilprovedores serão responsabilizados pelos conteúdos de terceiros cuja distribuição tenha sido impulsionada por pagamentoplataformas digitais mantenham regras transparentes de moderaçãoa retirada imediata de conteúdos que violem direitos de crianças e adolescentesconteúdos jornalísticos utilizados por provedores deverão ser remuneradose a extensão da imunidade parlamentar às redes sociaisPlataformas digitais lançam ofensiva contra projeto de lei das Fake News