Além de líderes sul-americanos, representantes do governo dos Estados Unidos (EUA) condenaram a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que ele defende que foram criadas supostas "narrativas" contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Juan González, secretário do governo de Joe Biden para a América Latina, salientou a coragem dos presidentes Gabriel Boric, do Chile, e Luis Lacalle Pou, do Uruguai, que se manifestaram contra a declaração do mandatário brasileiro. González declarou que "é preciso identificar as coisas como são".
"Nós não podemos ver esses temas como relativos ou dignos de narrativas, são absolutos. Vamos ter um debate sobre políticas e sanções, sobre como prover diálogo, mas temos que identificar as coisas como são", frisou o norte-americano.
O subsecretário Brian Nichols, também da Casa Branca, endossou as críticas e defendeu que as violações de direitos humanos em território venezuelano estão documentadas por organismos internacionais ao longo dos anos. Segundo ele, não se trata de uma "narrativa", e sim algo que é acompanhado há décadas.
Questionado se estaria decepcionado com Lula, ele respondeu:
"Respeito muito o presidente Lula, mas acredito que há muita informação que já está disponível para entender a realidade na Venezuela".
Lula foi anfitrião de um encontro de cúpula, na última terça-feira (30/5), que recebeu outros 10 chefes de Estado em Brasília. No evento, o presidente brasileiro falou de metas ambiciosas, como a criação de moeda para o continente negociar com o resto do mundo. No entanto, a presença de Nicolás Maduro e a defesa pública que o petista fez do mandatário venezuelano se tornaram o assunto principal e fonte de desacordo entre líderes vizinhos.
Um dia antes da cúpula dos chefes de Estado, na segunda (29/5), Lula recebeu Maduro para um encontro bilateral no Palácio do Planalto e minimizou as denúncias de violação dos direitos humanos na Venezuela. Para o presidente brasileiro, Maduro e seu regime seriam vítimas de uma "narrativa" sobre ausência de democracia.
Veja:
A defesa aberta de Lula ao venezuelano incomodou parte dos presidentes convidados para o encontro do dia seguinte. A voz mais dura a se levantar contra o discurso do brasileiro foi a do mandatário do Uruguai, Luis Lacalle Pou. Ele não chegou a citar o nome de Lula, mas disse que ficou "surpreso quando se falou que o que acontece na Venezuela é uma narrativa".
O outro presidente a levantar a voz contra a fala de Lula, porém, é de esquerda, como o brasileiro: o chileno Gabriel Boric. Na mesma reunião que tinha apenas os chefes de Estado da América do Sul, Boric afirmou que é "impossível fazer vista grossa para as violações de direitos humanos na Venezuela".
Fonte: Metropoles