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Perfil usa inteligência artificial para imaginar como podem estar hoje crianças desaparecidas durante ditadura argentina

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Foto: Reprodução internet
Conta de Instagram @IAbuelas usa robô para combinar fotos de adultos que sumiram na ditadura e projetar rosto de seus filhos. Associação estima que cerca de 500 pessoas foram separadas de seus pais por militares argentinos entre 1976 e 1983. Inteligência artificial é usada para imaginar como podem estar hoje as crianças desaparecidas durante ditadura militar na Argentina

AP Photo/Natacha Pisarenko

Como seria hoje o rosto de crianças que desapareceram numa ditadura de 40 anos atrás? Foi a partir desta pergunta que um usuário de Instagram adotou inteligência artificial para criar fotos que têm o objetivo de imaginar a aparência atual dessas pessoas.

Os retratos são publicados na conta @IAbuelas, batizada a partir da junção da sigla IA com a palavra "abuela" (avó, em espanhol), referência à associação Avós da Praça de Maio, que busca encontrar crianças desaparecidas na ditadura militar argentina, que durou de 1976 a 1983.

O perfil foi criado pelo publicitário argentino Santiago Barros, que usa o robô desenhista Midjourney para combinar fotos de mães e pais desaparecidos na ditadura. As imagens são obtidas no arquivo público das Avós da Praça de Maio.

Para cada casal, a inteligência artificial simula retratos de duas mulheres e dois homens. Em seguida, Barros escolhe a imagem mais realista de cada gênero.

"Vimos fotos da maioria dos [adultos] desaparecidos, mas não temos fotos de seus filhos, daquelas crianças que foram roubadas", disse Barros à Associated Press. "Ocorreu-me que essas pessoas não tinham rosto".

A ditadura argentina envolveu o roubo de filhos de dissidentes políticos detidos ou executados. Em vários destes casos, elas foram criadas por pessoas vinculadas aos militares.

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Conscientização

Na entrevista à AP, Barros afirmou que o objetivo do perfil de Instagram é despertar a consciência de pessoas que têm mais de 46 anos – ou seja, que nasceram antes do golpe militar argentino – e que têm dúvidas sobre sua origem.

O publicitário também esclareceu que o projeto não substitui o trabalho feito há mais de 40 anos pelas Avós da Praça de Maio. Por meio de testes de DNA, o grupo já encontrou 133 pessoas que tinham sido levadas por militares quando ainda eram crianças.

As Avós da Praça de Maio estimam que cerca de 500 pessoas foram separadas de seus pais durante a ditadura argentina.

A organização agradeceu o apoio dado pela conta, mas alertou que os testes genéticos são a única ferramenta confiável para identificar pessoas desaparecidas há tanto tempo.

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AP Photo/Natacha Pisarenko

Fotos convincentes

O perfil ainda não encontrou nenhum desaparecido, mas algumas pessoas à procura de parentes se impressionaram com a semelhança das fotos geradas pela IA.

É o caso de Matías Ayastuy, que pediu para Barros gerar imagens de seus possíveis irmãos a partir dos retratos de seu pai Jorge e sua mãe Marta, que foi sequestrada em 1977, quando estava grávida.

"Muita gente vê a imagem masculina como parecida comigo. Mas o que gerou algo muito, muito forte para mim foi a imagem feminina. Encontrei uma semelhança muito impressionante com um primo meu", disse Ayastuy à AP.

Apesar de gerar imagens convincentes no Midjourney, Barros descreveu o perfil como um "projeto artístico não-oficial". O publicitário também admitiu que a inteligência artificial pode levar a resultados distorcidos da realidade.

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Perfil @IAbuelas usa inteligência artificial para imaginar como podem estar hoje crianças desaparecidas na ditadura argentina

Reprodução/Instagram

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G1

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