Por Laura Braga, do Metrópoles
De acordo com a Polícia Civil de Goiás, os suspeitos detidos pela invasão a uma fazenda na região do Vale da Lua, no município de Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros, receberiam R$ 50 mil por mês para permanecer na posse da propriedade. Segundo eles, foram contratados pela empresária Carla Vasconcelos para tomar posse do local.
Segundo o delegado José Antônio Sena, que apura o caso, os integrantes do grupo relataram que trabalhavam em uma empresa de segurança do Distrito Federal e apenas "prestaram um serviço". Conforme o investigador, foi feito um acordo verbal entre eles e uma minuta escrita de prestação de serviço.
O caso aconteceu no último dia 20 de agosto. A propriedade, que está avaliada em R$ 10 milhões, foi invadida por um grupo fortemente armado, composto por sete pessoas, que usaram do emprego de violência e ameaça.
Uma nova ação integrada da Polícia Civil e Militar, nesta segunda-feira (11/9), prendeu quatro pessoas e cumpriu oito mandados de busca e apreensão. Outras três pessoas seguem foragidas, incluindo, a empresária, que seria a mandante do crime.
A polícia explicou que investiga o caso para saber se, de fato, houve pagamento e a contratação desses servidores para a invasão e de que forma essa contratação aconteceu.
De acordo com o delegado, os servidores vão responder pelos respectivos crimes funcionais e demais delitos correlatos as atitudes deles. Já a pessoa que contratou, vai ser investigada por ser a mandante dos delitos.
De acordo com a polícia, no dia da invasão foram encontrados com o grupo vários coletes balísticos, drone, duas pistolas .40 S&W, um revólver .357, um revólver RT 605 Taurus, um Revólver 374 Rossi .38, além de centenas de munições.
À polícia, os próprios membros do grupo contaram que foram contratados para tomar posse de uma fazenda na região do Vale da Lua e receberiam aproximadamente R$ 50 mil por mês para custodiar o local que é avaliado em mais de R$ 10 milhões.
Os presos encontram-se a disposição do Poder Judiciário e podem responder pelos crimes de esbulho possessório, porte ilegal de arma de fogo, corrupção passiva, corrupção ativa e associação criminosa.
Os presos são: Erick de Paula Rodrigues Oliveira (instrutor de tiro em Planaltina-GO); Carlos Antero da Silva (major da Polícia Militar); Patrícia Ferreira Viana (Guarda Municipal de Planaltina-GO); e Geandro Oliveira das Neves.
Já os foragidos são a empresária Carla Costa de Vasconcelos (mandante); Elias Lima Lucena e Plácido Brito Xavier Junior.
De acordo com o delegado José Antônio Sena, que investiga o caso, a propriedade milionária é alvo de uma disputa para ver quem é o real proprietário. Segundo ele, o objetivo da tentativa de invasão era que a empresária já pudesse desfrutar do local e usufruir da exploração turística.
Conforme o delegado, entre os sete detidos estavam um policial militar da reserva do Distrito Federal, um guarda civil municipal e um instrutor de tiro da Guarda Civil Municipal de Planaltina de Goiás. Após serem levados para a delegacia, apenas um dos sete suspeitos ficou preso, por porte ilegal de arma.
Ainda de acordo com José Antônio, os suspeitos detidos pela invasão contaram em depoimento que foram contratados pela empresária para permanecer nessa posse. Segundo eles, esse contrato teria sido estipulado em um valor mensal. O delegado ainda contou que as pessoas envolvidas contaram que faziam parte de uma empresa de segurança do Distrito Federal e que estavam "somente prestando um serviço".
Eles devem responder pelos respectivos crimes funcionais e demais delitos correlatos as atitudes deles. Já a pessoa que contratou deve ser investigada por ser a mandante desses delitos.
Segundo boletim de ocorrência, os suspeitos foram até o local em veículos particulares, mas com uso de sirene e giroflex. Ao chegarem à propriedade, abordaram os caseiros e "disseram que eram policiais e estavam no local para cumprir um mandado de reintegração de posse".
De acordo com o delegado, no momento da invasão, que teve o emprego de violência, os caseiros pediram a documentação e entraram em contato com a "possuidora do local", que seria a patroa deles. De imediato, a mulher acionou a Polícia Militar de Goiás, e os suspeitos saíram da chácara com "rumo incerto".
Quando os policiais chegaram, iniciaram patrulhamento intensivo e localizaram o grupo próximo a uma rodovia. A polícia explicou que investiga o caso para saber se, de fato, houve pagamento e a contratação desses servidores para a invasão e de que forma isso aconteceu.
Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal informou "que tomou conhecimento do fato e deu início às providências para abertura de procedimento de apuração das responsabilidades do policial. O fato foi registrado na Delegacia de Polícia de Alto Paraíso de Goiás".