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Desafio do Vesúvio: Pesquisadores da USP ajudam a decifrar papiros milenares carbonizados

Pesquisadores disputam em concurso para desvendar documentos carbonizados em erupção do vulcão Vesúvio no ano de 79 depois de Cristo.


Foto: Reprodução internet
Pesquisadores disputam em concurso para desvendar documentos carbonizados em erupção do vulcão Vesúvio no ano de 79 depois de Cristo. Instituto de Física de São Carlos, da USP, conquistou a segunda colocação no desafio, e identificou letras e palavras. Inteligência artificial lê biblioteca que vulcão enterrou

Quem poderia imaginar que papiros milenares, aparentemente destruídos, pudessem ser escaneados e decifrados. A inteligência artificial está ajudando a desvendar mistérios de um passado remoto, que ficaram enterrados por quase dois milênios.

Em 2023, foi lançado um concurso mundial, com prêmios em dinheiro, para identificar palavras dos textos escritos em rolos que não podem ser abertos nem manipulados. Ao longo dos séculos, partes dos rolos foram destruídas por quem mexeu neles.

O Fantástico seguiu a pista de onde tudo começou - Sul da Itália, ano 79 D.C.

Como Pompeia, a vizinha Herculano também foi destruída pela explosão do vulcão Vesúvio. O dia virou noite em poucos minutos. Grande parte da população das duas cidades romanas morreu em algumas horas. E seu patrimônio só começou a ressurgir muitos séculos depois: a arquitetura, os mosaicos, até a madeira das vigas ficou preservada.

Os papiros de Herculano foram a única biblioteca da antiguidade que permaneceu intacta. Foram retirados daquelas paredes, no século 18, e foi necessário abrir muitos pequenos túneis para encontrá-los. Quase 2.000 anos se passaram desde a erupção do Vesúvio, e a casa dos papiros, ainda continua sendo escavada.

Os papiros originais parecem pedações de pau queimados. Na verdade, são rolos de papel, papel de papiro, que foram parcialmente carbonizados pela erupção do Vesúvio. Foram submetidos a uma temperatura de 350 graus, sem queimar. A mistura de barro e cinzas criou uma proteção hermética que conservou esses livros do mundo antigo em condições excepcionais. Se não fosse a explosão do Vesúvio, esses papiros teriam sido destruídos pela umidade do ar.

A papiróloga Federica Nicolardi, da Universidade Federico Segundo, de Nápoles, teve o privilégio de ler aquilo que há quase dois mil anos não era visto por ninguém. Escritos que narram o período do filósofo grego Epicuro e das suas reflexões sobre os prazeres do corpo e da alma.

Federica faz parte da comissão que analisou o trabalho de estudantes e professores do mundo inteiro, mais de três mil pessoas que responderam ao chamado "Desafio do Vesúvio" e tentaram tornar legíveis um dos 600 papiros de Herculano que nunca foram abertos.

Trabalhando apenas diante de um computador, com as técnicas de tomografia, raio x, aceleração de partículas e inteligência artificial usadas, não é preciso desenrolar os textos.

Os jovens vencedores do desafio foram:

o egípcio Youssef Nader, que estuda inteligência artificial;

o americano Luke Farritor, da área de ciência da computação;

e o suíço Julian Schillinger, formado em robótica.

"É realmente uma emoção enorme se conectar com o passado por meio dessa nova tecnologia e entrar na vida dos nossos antepassados me deixa honrado", diz o pesquisador Julian.

A identificação das letras e palavras contou com a ajuda da equipe do Instituto de Física de São Carlos, da USP - uma das três que dividiram a segunda colocação no desafio.

A disputa continua até o fim de 2024, quando os cientistas esperam ter desvendado a maioria desses escritos da antiguidade. O "desafio do Vesúvio" está apenas começando.

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