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Engenheira de dados desvenda desafios da área que está em alta: 'Parei de falar em demissão só no ano passado'

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Apesar de salários que podem passar de R$ 20 mil, setor vive escassez de profissionais por falta de qualificação e exige bastante de quem está trabalhando nele. Gabrielle Azevedo, de 27 anos, é engenheira de dados

Arquivo pessoal

A brasiliense Gabrielle Azevedo, de 27 anos, é engenheira de dados em um app de delivery brasileiro, para o qual trabalha remotamente. Ela é responsável pela engenharia de plataformas, gerenciando a infraestrutura de ferramentas de visualização de dados da companhia.

Gabrielle conta que, em vários momentos de sua carreira, pensou a pedir demissão do emprego porque sua área exige muito conhecimento — até por isso, esse setor vive uma escassez de profissionais (entenda mais abaixo).

Outras pessoas procuradas pelo g1 e que trabalham com dados confirmam o que Gabrielle diz. Uma reportagem do g1 publicada no último domingo (7) contou que a engenharia de dados está em alta, oferece bons salários e como é trabalhar nesse cargo e em outros relacionados à área, como cientista e analista de dados.

???? O que faz um engenheiro de dados? É responsável por projetar, construir e gerenciar a infraestrutura de dados de uma organização. Esse profissional garante que os dados sejam disponíveis, confiáveis e estejam prontos para serem utilizados pelos demais times da empresa.

A profissão é uma das mais procuradas pelas empresas, na área da TI (tecnologia da informação), segundo levantamento da consultoria Robert Half.

???? E o salário é alto mesmo? Dados obtidos pelo g1 com a plataforma de empregos Catho mostram que, em 2024, a média salarial do engenheiro de dados está em R$ 6.927.

"Os engenheiros tiveram incremento salarial de 7% neste ano. Isso indica que as empresas estão investindo mais em estruturação, análise e engenharia de dados", diz Fabio Maeda, diretor da unidade de candidatos da plataforma de vagas.

Para um profissional experiente, a remuneração média mensal fica em torno de R$ 24 mil, segundo a Robert Half.

Dificuldades, estudo e crescimento

Gabrielle começou a trabalhar no iFood como analista de dados, mas logo mudou para engenharia, por recomendação de um chefe. "Ele falou que engenharia seria mais interessante para mim e que eu tinha feito um bom trabalho até ali, me estimulando a migrar", conta.

A jovem é formada em engenharia de produção pela Universidade de Brasília (UnB) e teve seu primeiro contato com dados em 2018, quando era estagiária da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).

Gabrielle em uma palestra de dados

Arquivo pessoal

Atualmente, Gabrielle recebe cerca de R$ 11 mil com carteira assinada (CLT) e reconhece que o salário nesse setor é realmente alto. No entanto, ela dá alguns alertas para quem pensa em investir nessa profissão.

"Eu acho que o mais difícil é você conseguir entrar na área. Você precisa iniciar já sabendo de muita coisa, como construção de banco de dados, SQL, nuvem (cloud), versionamento de código e mais", descreve.

Quem é do ramo lembra que nem sempre a graduação é o único caminho para trabalhar como analista, engenheiro ou cientista de dados.

Cursos superiores podem ajudar a pessoa a ter uma base mais sólida, mas um primeiro contato com cursos disponíveis na internet já é algo vantajoso.

"É preciso ter uma certa experiência. A curva de aprendizado também é bem maior do que as outras áreas da TI", completa. Veja mais dicas para começar em dados.

Segundo Gabrielle, talvez, seja melhor iniciar em outra área de dados, como analista ou cientista, para depois migrar para a engenharia.

O que fazem o cientista e o analista de dados

Gabrielle também admite que não é uma área fácil nem para quem já tem alguma experiência. Como em outras áreas da TI, o estudo constante se torna essencial, porque tecnologia muda o tempo todo.

"Eu gosto muito do que eu faço e da empresa onde trabalho, mas só no ano passado eu consegui parar em falar sobre demissão. A engenharia de dados cobra muito da gente", diz.

"Parei de pensar em me demitir ao perceber que o mercado desacelerou, pagando menos em outros cargos. E a minha área está em alta e é muito difícil de entrar nela, ou seja, seria perder uma chance muito grande", reflete.

"Então, só pensei que valeria a pena continuar tentando porque a empresa é ótima, meu time, também."

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Quem já conseguiu se qualificar, passa a ficar mais exigente em relação às vagas. Esses profissionais muitas vezes são atraídos por companhias estrangeiras, que pagam em euro ou dólar, permitindo até que a pessoa trabalhe do Brasil.

Esse tipo de oferta mais atraente faz com que o mercado interno tenha dificuldades para reter os talentos.

"Quando vira sênior, você não quer mais trabalhar para companhias brasileiras porque dá para ganhar muito mais recebendo em dólar, e trabalhando do Brasil. Eu já recebi uma proposta para receber US$ 7 mil por mês de uma empresa gringa", diz Gabrielle.

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