De baunilha à abóbora, pimenta-de-macaco, arroz, buritis e farinhas variadas, os alimentos plantados por famílias calungas têm ganhado destaque em pratos doces e salgados de restaurantes e demais estabelecimentos de Goiás. Ter contato com a produção e os produtores e valorizar a cultura regional estão entre os motivos que levam os cozinheiros a buscarem os alimentos a mais de 500 km de distância.
"A gente vive do que planta e comercializa o excedente", resume Lucilene dos Santos Rosa, que é quilombola.
O presidente da Associação Quilombo calunga, Carlos Pereira, descreve o território calunga como um local de diversidade. Se tratando de uma área em que a agricultura é principalmente familiar e subsistente, as relações entre os produtores e empresários costumam ser diretas e particulares.
"Nosso povo produz muito e é um dos produtos de qualidade mais nobre", disse o presidente da associação. Nascida em Cavalcante, no nordeste de Goiás, Lucilene dos Santos Rosa hoje mora em Goiânia.
Junto com seu irmão, Guilherme Moura, que é técnico em geologia e produtor desde 2018, eles comercializam produtos para diversos locais de Goiás e do Brasil. Ela conta que o contato com o plantio e os produtos naturais sempre foi presente, uma vez que os pais de Lucilene plantavam para alimentar os dez filhos que tiveram.
"Antigamente eles não vendiam, era muito pouco. Hoje comercializamos mais", explica Lucilene.
A produção feita pelos quilombolas é coletiva. No entanto, cada um tem um seu papel. Apesar de ter "ido para a roça" quando era criança, ela relembra que não era forçada a trabalhar e que seu papel na produção, enquanto seus pais faziam o plantio, era "espantar os periquitos que comiam os produtos".
"O quilombo é coletivo, mas não se coloca serviço que você não dá conta de fazer. As crianças estão envolvidas, mas não fazem o que não é para elas", explicou.
Além de ajudar seu irmão na divulgação das vendas por meio das redes sociais, Lucilene atualmente trabalha como articuladora política quilombola em Goiás, com o objetivo de auxiliar na busca pelos direitos e nas demandas de seu povo. Os produtos vendidos pelos irmãos são plantados por Guilherme em Cavalcante. Ele também é o responsável por enviar diretamente os produtos como a baunilha e a pimenta-de-macaco por correio ou por pessoas conhecidas.
Entre os motivos que fazem com que Lucilene e seu irmão busquem o vender para cidades e estados distantes da região próxima a onde ocorre o plantio é a possibilidade de proximidade com o mercado.
"Goiânia é onde a economia movimenta mais alto e o preço é valorizado e a precificação fica boa para valorizar", explicou Lucilene.
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